Manuel Seatra fala da obra "Raíz Densa no Pátio da Garganta"
Atualizado: 11 de nov. de 2022
"Sobre o tempo posso dizer que é bom não se ter pressa e deixar as águas correr consoante o que se escreve."

Olá, Manuel!
Antes demais os nossos parabéns pela vitória nos Prémios Literários referente à Categoria Poesia. Vamos saber mais sobre esta obra…
Do que nos fala “Raíz Densa no Pátio da Garganta”?
É um livro híbrido de poemas e prosa poética em três partes com muita Lisboa dentro, alguns sonhos e pedaços de espelho que se encontram a meio caminho. O Raiz Densa (como lhe chamo de modo abreviado e carinhoso) tem um significado forte para mim, uma carga de energia especial de que me orgulho.
Defina a sua obra numa palavra.
"Maturar" acho que pode ser a melhor palavra, pela responsabilidade de ser um segundo livro e pelo sentido de compromisso que isso implica.
Quanto tempo demorou o processo desta obra?
Não sei dizer com exatidão.
Houve um intervalo de dois anos entre o primeiro e o segundo, mas havia coisas a cozinhar antes e não há bem uma linha cronológica definida. Sobre o tempo posso dizer que é bom não se ter pressa e deixar as águas correr consoante o que se escreve.
Estou nos últimos preparativos de um terceiro livro que há de sair muito em breve e o processo partiu de um lugar mais mecanizado e cerebral, depois descontruiu-se, quando já o tinha lapidado.
"O único projeto é escrever e conjugar as palavras com a alma."
O que mais o marcou quando a escreveu?
A boémia, diria. É bom deixar respirar a noite e absorver a cidade à nossa volta. A escrita consegue ter muitos lugares dentro e não ter nenhum ao mesmo tempo, é mágico isso!
Existe algum projeto agregado a esta obra?
O "filho" anterior, o Dias de Folga, nem imaginava o nascimento deste irmão, nem o seguinte do que vier, se mais houver para lá disso... O único projeto é escrever e conjugar as palavras com a alma (ou vice-versa, na verdade não sei ao certo o que liga com quê).
De onde surgiu o título “Raíz Densa no Pátio da Garganta”?
Raiz Densa no Pátio da Garganta é um título comprido e difícil como algumas coisas que se têm a dizer, mas, ao invés, acabam por ser engolidas... Às vezes nem com muita água desce e pode entalar ou chegar ao sufoco, faz falta expor a raiz e libertar o que fica preso.
Se fosse hoje, mudaria algo na sua história?
Não mudava uma vírgula, o livro ficou cristalizado no seu tempo e agora é de quem o ler.
"Que tenham paciência e sejam generosos, que vivam com ternura e honestidade."
O que sentiu quando a obra chegou às mãos dos leitores?
Senti-me inchado de contente e nervoso.
Como recebeu a novidade de a sua obra estar nomeada aos nossos Prémios Literários e de ter vencido na Categoria Poesia?
O mesmo e, também esperançoso de angariar mais leitores, é um gosto ser lido e ter sido votado a ponto de vencer!
O que gostava de dizer aos leitores que acompanham o seu trabalho?
Que tenham paciência e sejam generosos, que vivam com ternura e honestidade. Mais do que sermos grandes leitores é sermos melhores pessoas, sairmos do nosso umbigo e sabermos viver em sociedade. Quanto aos meus livros, enquanto for respirando com saúde vou escrevendo e apagando, muito de ambos, quem ganha no fim são os livros.
Muito obrigada, Cristina “Entre Palavras”
Obra Vencedora:
