Cláudia Crux - Para si a escrita é... Confortar o Coração e a Alma.
"É hábito mencionar que sou “uma criança grande”

Olá, primeiramente muito obrigada por ter aceitado participar nesta entrevista para o nosso site.
Vamos a isso…
Quem é a Cláudia Crux?
A palavra que melhor a define é “apaixonada”. Sou realmente uma apaixonada pela Natureza, pelos Animais, pelas pessoas de bom coração e, que se podem designar HUMANAS.
Considero o sentimento mais nobre o “Amor” e, utilizo esta palavra imensas vezes, com sinceridade.
Uma das frases que utilizo “A espalhar o Amor” é evidenciada quando dou migalhas aos passarinhos, quando alimento gatos selvagens, quando ajudo crianças, quando sorrio para alguém com um semblante pesado.
Extremamente sensível, abomino injustiças, sobretudo as sociais (por exemplo, não consigo aceitar que em pleno sec. XXI, existam tantas pessoas a passar fome, sem condições mínimas de sobrevivência, a viver em GUERRA!?, sem apoios das instituições competentes. Muito haveria a dizer sobre isto).
Pela razão apresentada, ajudo, sempre que possível, instituições de caridade tanto relacionadas com pessoas, como com animais.
Onde encontra a inspiração para as suas histórias?
É hábito mencionar que sou “uma criança grande”. Romanceio tudo e, às vezes, levo umas belas “bofetadas da vida”. As histórias são fruto da beleza que quero ver no mundo. Todos os seres com uma vida digna e cheia de Amor. Um chegar ao fim de vida e proferir: ”A vida foi dura, mas valeu tanto a pena.”
Como a escrita entrou na sua vida?
Inicialmente criei um blog chamado “Amor Ani+” que serviu para partilhar as experiências vivenciadas com a minha família. Como tenho uma Pós-graduação em Bibliotecas Escolares, passei a ter um cargo que me levou a ter o privilégio de contar histórias. E, não é que descobri que não só vibro ao contar as histórias, como vibro e sorrio com o brilho nos olhos das crianças, com as suas bocas abertas de surpresa/emoção.
E, quando passamos no corredor e eles dizem: “Hoje é para a nossa sala?” e, nos abraçam?
Como digo, um mundo com crianças e animais, seria perfeito.
"Os animais também têm direitos e deveriam ter uma vida digna."
Como surgiu a ideia para escrever o livro “Amor D´ourado”?
Parte das histórias presentes no blog foram adaptadas para o formato livro, uma vez que as aventuras eram muitas. Acreditei que faria crianças e adultos felizes se partilhasse as peripécias vividas por esta família.
De alguma forma o seu amor pelos cães influenciou esta história?
Imensamente. O livro é uma história verídica e considerei que poderia desta forma sensibilizar e consciencializar as crianças e os adultos para a vida dos cães. A partilha destas experiências promovem o debate e a reflexão em torno de muitas questões cruciais, como por exemplo, o mau trato aos animais. O nosso país vive uma realidade assustadora e, é necessário mudar mentalidades. Os animais também têm direitos e deveriam ter uma vida digna.
Existe mais algum projecto agregado a este livro?
Como forma de estimular a leitura criei um ”Escape Room” e que faz parte dos recursos do Plano Nacional de Leitura. É uma das atividades que dinamizo com os 5º e 6º anos de escolaridade, é superdivertido.
Fiz parceria com a Asaast - Assoc. dos Amigos dos Animais de Santo Tirso, em que parte do valor do livro reverte para a associação.
Sempre que faço apresentação do livro, os alunos e/ou professores das escolas escolhem uma associação e eu dou um valor por cada livro vendido. Não é que se ganhe muito com a venda de livros, mas poder ajudar é já um objetivo alcançado com a existência do meu Amor D’ourado.
"De pura alegria, de partilha de experiências."
Com qual personagem se identifica mais?
Sendo uma história verídica, eu sou a Sofia e o Cláudio é o meu marido. Sansão é o nosso primeiro cão, foi um presente do meu marido, e eu digo que é o meu “Príncipe”. A Sissy faz parceria com o mano e juntos são incríveis. Somos uma família com muitos momentos felizes.
Só uma nota, que até na minha tese de doutoramento, nos agradecimentos, eles estão lá como elementos primordiais nessa conquista.
Olhando para trás mudava alguma coisa na sua história?
Na história não, porque não faria sentido. Mas, talvez tivesse contado mais umas aventuras. Principalmente, os adultos têm o hábito de dizer, “Queria mais…..”, mas o livro é primeiramente para crianças e, não poderia ser maior. Conheço bem este público.
Como tem sido a recepção por parte dos leitores?
Para os que conseguiram ter contacto com o livro, a reação tem sido maravilhosa. De pura alegria, de partilha de experiências. No entanto, em Portugal conseguir atingir o público é muito difícil.
Enquanto autora, que outros géneros se vê a escrever?
Neste momento, apenas para crianças. Eles são puros, trenurentos, fazem-nos sentir princesas (….) e, confesso, mais uma vez, sou criança no meio deles e é simplesmente maravilhoso.
Não nego que o romance poderia ser uma opção, dado o meu lado afincadamente apaixonado.
"Adoro e, adoraria trabalhar a dar voz a livros (audiolivros)."
Que autores são a sua inspiração?
Ora bem, eu tenho a “mania” de gostar do que é diferente. E, no século passado, quando me deparei com Saramago, foi um iluminar de alma e coração. A sua escrita… nem tenho palavras. No Verão passado li “A caverna” e, o meu pensamento vai para, como é que de uma simples família oleira se cria uma história incrível? Até o pormenor do cão (…).
Amo Isabel Allende, Laura Esquivel, Gabriel Garcia Marquez, Miguel Esteve Cardoso, Fernando Pessoa, Florbela Espanca, Eugénio de Andrade. Para crianças, Luísa Ducla Soares, Álvaro de Magalhães, Mia Couto, Luísa da Costa, António Mota, José Eduardo AguaLusa, Jorge José Letria, Cecília Meireles. E por aqui fico, são seguramente, muitos, muitos mais.
Enquanto autora gostava de se internacionalizar?
O livro foi publicado no Brasil. Por acaso não questionei a editora sobre isso. Mas, o que eu gostaria é que todas as crianças tivessem contacto com a história, aqui ou em qualquer lugar.
Como é fazer parte do podcast “Poesia e Prosa”?
Refere-se à minha colaboração com o projeto amaralmedia. Aqui, novamente me confesso, na “brincadeira com as crianças” algumas diziam: ”és tu que contas as histórias que estão nos nossos manuais” e eu respondia que não. Entretanto, comecei a criar uns recursos com utilização da minha voz e, os colegas iam tecendo elogios. Na verdade, eu sempre quis, dar voz a um boneco animado (adoro bonecos/animação), mas nunca pensei no assunto.
Na realidade, dar voz a poesia e prosa é um sonho concretizado. Adoro e, adoraria trabalhar a dar voz a livros (audiolivros). Creio mesmo que essa seria a minha grande realização profissional. Mas, Portugal é muito pequeno e não passo de uma anónima (até gosto de o ser, se for conhecido e reconhecido o meu trabalho, já era um pouco mais feliz).
"No meu caso, todas as intervenções que fiz em público foram organizadas por mim."
Na sua opinião as redes sociais são uma mais valia para promover o seu trabalho?
Neste momento é a única opção. Como poderia divulgar?
Na sua opinião, o que falta em Portugal para se ler mais autores nacionais?
Não é só no mundo dos livros que isso se reflete. Há uma forte tendência para crer que o que é internacional é melhor. Se reparar no Plano Nacional de Leitura, apesar de já existirem muitos livros de portugueses, talvez, a maioria seja internacional.
E, creio também que quando um autor consegue ser reconhecido, não parece existir muito interesse em conhecerem-se outros. “Negócio que funciona não se mexe”.
Na sua opinião, o que as editoras podem fazer para dar voz aos novos autores?
Ui, ui… Imenso. Primeiro, deveriam estar presentes nos lançamentos dos livros, depois deveriam divulgar constantemente os livros que possuem. Fazer lives com os autores, promover encontros em livrarias, em instituições, em escolas, entre outros. No meu caso, todas as intervenções que fiz em público foram organizadas por mim.
"Um dos melhores presentes da minha vida."
Defina “Amor D´ourado” numa palavra.
Que outra poderia ser? AMOR
Já agora um pormenor. O nome do livro tem várias explicações, “Amor” porque é um livro escrito com e por Amor. O “D´” (D com apostrofe porque Sansão chegou no dia e momento certos) ourado = ouro (porque Sansão e sua mana são muito mais preciosos que qualquer mineral valioso). E, como gosto de brincar com as palavras, se escrever AMORDOURADO, e considerar apenas uma palavra/anagrama, daqui resultam, do que eu consegui descobrir 23 palavras! Até pode ser um desafio que pode fazer aos seus seguidores e podem confirmar se eu não me enganei😊
Palavras:
MAR, RUA (Sansão andava perdido na rua), MORDO, ADORO, ADORA, AMORA, OURO, ARADO, ARO, RARO (Sansão é único), RAMO, RAMA, RODO, RODA, MORADA, ORAR, ROMA, MUDO, DADO (um dos melhores presentes da minha vida), DAR, DOR, ODOR, DARDO.
Para si a escrita é…
Confortar o Coração e a Alma.
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Espalhem o Amor!
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“Acamparam na sala. Sim! Porque a casa ainda não estava preparada, mas a ansiedade de estarem juntos no seu cantinho levaram a que, mesmo sem móveis, porque não queriam saber de comodismos, passassem a primeira noite apenas a usufruir da companhia do seu amado cão. Adormeceram depois de tanto brincarem.
As suas vidas mudaram para melhor. Graças a Sansão encontraram o sítio ideal para viver e que era um sonho tornado realidade para Cláudio. Desde criança que manifestava interesse e gosto em viver num monte e, a busca do espaço para Sansão correr livremente, permitiu que tal sonho se concretizasse.
Finalmente juntos, a viverem no monte de Faro, virado para o mar, iniciaram mais umas aventuras. A partir daqui bastava dizer “Vamos à Dª Alice” que Sansão ladrava, ladrava, como que a dizer: “Embora, quero ir à Dª Alice!”, “quero passear”!
Um espaço exterior grande, na perspectiva dos seus humanos de estimação, exigia um cão de grande porte que pudesse ser o “guarda” de serviço.
(…) durante cinco meses procuraram aquela que seria o novo elemento da família. Chegou, tal como Sansão, em janeiro. Era também muito fofa e Sofia recorda apenas que ele a cheirava com desconfiança e aparentava dizer “esta deve ter vindo passar uns dias (…)”.
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